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O E-commerce na Europa e algumas perspectivas sobre o mercado brasileiro

19/09/2013

A Europa ultrapassou em 2012 os Estados Unidos como o principal mercado online, em faturamento, do mundo. Este fato passou desapercebido aqui no Brasil, onde a grande referência de desenvolvimento e crescimento do setor são os Estados Unidos. Em função disto, gostaria de compartilhar com vocês alguns dados sobre o mercado online europeu.

Embora o momento econômico europeu não seja bom, com uma profunda crise de crescimento e desemprego em alta, especialmente entre os jovens, o varejo online na Europa atingiu um faturamento de € 312 bilhões em 2012, um crescimento de 19% sobre 2011.

Este crescimento ocorreu em todos os países europeus, porém temos importantes diferenças dentro do bloco.  Os países podem ser agrupados em três grupos, com momentos diferentes de desenvolvimento do ecommerce. No grupo das economias maduras, sempre em termos de ecommerce, destacamos Reino Unido e Holanda, seguidos de um grupo intermediário do qual fazem parte França e Alemanha e por fim o grupo dos emergentes, composto entre outros por Russia, Polônia e Turquia. O diferente momento se reflete no crescimento do ecommerce nestes países muito mais acelerados nos países emergentes e intermediários, embora as taxas de crescimento dos países maduros também seja relevante.

Para os próximos anos, esta trajetória de crescimento deve se manter, com um crescimento médio anual de 10% a 15% no Reino Unido, Holanda e Suécia; 20% a 25% na Alemanha, França, Itália e Espanha; e podem chegar a taxas de 30% a 40% em países como Turquia, Polônia e Rússia.

O crescimento recente e projeto para os próximos anos para os países intermediários e emergentes é baseado principalmente no aumento da penetração de internet banda larga nas residências e tecnologias móveis como 3G e 4G. A realidade entre os países europeus varia bastante indo de locais onde a penetração da banda larga é menor de 55% como Bulgária e Romênia e podem chegar a 94% como no caso da Holanda.

O mobile commerce, também conhecido como m-commerce, atingiu em 2012 um faturamento de € 17 bilhões, o que representa 5,5% do total de 2012, sendo esse o ano da confirmação do m-commerce como motor do crescimento. Para 2013, se espera um enorme aumento no volume transacionado pelos aparelhos móveis, aqui incluso os tablets. Dentro do m-commerce, o uso destes aparelhos tem se destacado na realização de compras enquanto o consumidor esta dentro da loja física, reforçando a necessidade de uma estratégia omnichannel.

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Na Europa, 250 milhões de pessoas são compradores online e 350 milhões fazem uso de mídias sociais como Facebook e Twitter. O gasto médio de cada comprador online por ano ficou em € 1.243 em 2012, liderados pelos súditos da rainha, que gastaram € 2.466. Como referência, o valor médio gasto no mundo em 2012 foi estimado em  € 850.

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Para comparar estes dados com a realidade brasileira é necessário atentar para uma série de detalhes, por exemplo, quais produtos e serviços estão inseridos dentro do “varejo online”. Os números europeus consideram a venda de passagens e tickets para eventos dentro deste montante, enquanto no Brasil, quando falamos de ecommerce não consideramos estes dois setores.

Para podermos ter uma melhor comparação com o Brasil, vamos excluir os €  110 bilhões gastos com passagens aéreas e os estimados € 74 bilhões que o mercado de eventos representa. Com isso chegamos a um total de € 128 bilhões. Este é um valor comparável ao faturamento do ecommerce brasileiro medido pelo e-bit, que totalizou em 2012 R$ 22,50 bilhões.

Na tabela abaixo, temos algumas comparações do Brasil com a Europa:

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Como podemos ver, o ecommerce no Brasil ainda possui uma representatividade no PIB menor do que na Europa, assim como temos uma menor proporção de consumidores online / população e menor receita por consumidor online.

Embora esta situação nos coloque numa posição desfavorável em relação à Europa no momento, reforça nossa visão de que temos muito espaço para o crescimento do ecommerce no Brasil e uma grande janela de oportunidades para negócios no setor.

Autor

Rodrigo Fadel é sócio e CFO da eNext, formado em Administração pela FGV-EAESP. Trabalhou com consultoria financeira, gestão de qualidade e processos na Telefônica e na controladoria do Banco Itaú.